Acredito que o maior desafio da educação atual, dos professores, é de conseguir conquistar o interesse e a curiosidade do aluno para a aprendizagem, especialmente quando se fala do ensino de História. Afinal, para que estudar história, o passado, numa era moderna e tecnológica, com uma geração que se preocupa com o futuro e não com o passado? Na verdade muitas respostas poderiam ser dadas a essa pergunta, mas vou me contentar em registrar apenas uma: que é de fundamental importância que o homem conheça seu passado e suas origens, para assim ter conhecimento do processo e da dinâmica histórica da sociedade, e só assim, poder compreender a era tecnológica em que vive e poder pensar a construir seu futuro de maneira mais crítica e consciente.
Mas como convencer as crianças e jovens dessa importância da história em suas vidas? Da importância da disciplina de história nas escolas? Como conquista-los para essa aprendizagem?
Para isso os professores precisam de estratégias, estratégias metodológicas, criatividade e ludicidade. Vamos pontuar três metodologias lúdicas que podem ser fortes aliadas nesse desafio- tentativa de conquistar os alunos- fazendo até mesmo, os alunos tomarem gosto pelo ensino da História.
Jogos
O jogo faz parte da realidade e do cotidiano das crianças e jovens, por tanto é uma ferramenta que eles tem familiaridade e gostam de praticar. Além de ser uma ferramenta lúdica, o jogo possibilita exercícios mentais, promovendo o desenvolvimento cognitivo do aluno. Através do jogo, o aluno aprende a escolher, direcionar, relacionar, comparar, aumentando dessa forma, suas habilidades e competências, exigidas na educação fundamental pelos Parâmetros Curriculares Nacionais- PCN.
Sendo assim, o jogo pode ser uma ferramenta que facilite o ensino e aprendizagem na disciplina de História. Conquistando o interesse dos alunos, por esse conhecimento específico, promovendo o trabalho em equipe e a competitividade saudável.
O Centro Universitário Salesiano de São Paulo- Unisal Lorena, em parceria com a CAPES, trabalham juntos no projeto PIBID- História em Jogos, com professores e alunos do curso de licenciatura em história do Unisal e da Escola Estadual Arnolfo de Azevedo. O Objetivo desse projeto do governo é aproximar a Universidade das escolas públicas para uma formação mais sólida dos seus licenciandos- futuros professores. Esse projeto teve inicio em 2012 e a nova equipe está dando continuidade a esse trabalho. Até o momento foram criados dois jogos para o ensino de História: Caminhos da História e Bingo Histórico.
Esse projeto de importância inquestionável, tem muito a oferecer ao futuro da educação e aos estudos das metodologias inovadoras do ensino.
Jogo- Caminhos da História
Jogo- Bingo Histórico
Teatro
O teatro sempre fez parte da vida dos homens, de todos os tempos, culturas, etnias e religiões, pois é uma ferramenta social que uni as pessoas, e como algumas religiões acreditavam, unem também o homem e o divino. Por isso a origem das palmas, realizada pela plateia no espetáculo, que tem como origem o agradecimento ou adoração aos deuses, especialmente ao deus do teatro Dionísio.
O prática de interpretação e imitação sempre foi importante em todas as sociedades, por que esta socializa, ensina e constrói as memórias individuais, formando as memórias coletivas, tão importante para a formação da personalidade e do reconhecimento do indivíduo. Já que o homem se reconhece através do outro, a prática teatral é uma forte aliada nesse processo, pois o ator precisa se passar pelo personagem, pensando, agindo e sentindo, como o outro, e nessa relação de troca de papéis sociais, é que o homem vai se reconhecendo como indivíduo, que possui uma memória individual, e como um ser social, imerso na memória coletiva. Enfim, o homem só se identifica através do outro, só se representa, através da representatividade do outro, dessa maneira a vida e o palco se complementam, um auxiliando o outro na construção de uma vivência social e coletiva mais rica, humana e com mais riquezas de aprendizagem.
As práticas teatrais, como os jogos e os espetáculos, são importantes ferramentas no processo de ensino e aprendizagem. Pois são práticas pedagógicas e metodológicas lúdicas, de fácil socialização, aprendizagem e aplicação, pois para a interpretação no teatro, precisa-se apenas de pessoas, corpos, vozes, criatividade e improvisação, e estes dois últimos são elementos indispensáveis à educação, e é através deles que ocorre a maior façanha do ser humano- A Criação.
A criança cresce aprendendo ao imitar os mais velhos, e com a utilização do teatro como método educativo, ela vai aprendendo ao imitar, ao criar os personagens e ao atuar. O teatro é uma forte ferramenta pedagógica que tem o potencial de transformar a teoria da História em prática vivida/representada pelos alunos, facilitando a aprendizagem.
Contação de História
A Contação de História tem as mesmas características do Teatro, pois é uma ferramenta pedagógica lúdica, que promove a criatividade e a imaginação. No entanto se difere no modo de aplicação, pois na contação de história, não precisa ter personagens ou palco, precisa-se é de uma boa história para ser contada, de modo criativo, que consiga envolver todos ouvintes.
Na Contação de História, o que encanta são as palavras, o enredo, os gestos, é a voz e os personagens imaginários que ganham forma e vida, e não os atores. É uma verdadeira brincadeira com a imaginação, pois ela permite que um objeto qualquer se transforme em um animal ou em um castelo, por tanto, tudo depende da criatividade e do método do contar a história.
Essa prática se torna talvez a mais forte aliada para aproximar as crianças e jovens da leitura. Ela tem o poder pedagógico de envolver e conquistar a atenção dos alunos, em torno do ensino da literatura e da história.
Contação de História- A Pedra da Noite
Considerações
Essas metodologias apresentadas se tornam subsídios pedagógicos, pois todas crianças e jovens se atraem por jogos, teatros, histórias ou por algum tipo de arte, esses métodos são instrumentos lúdicos que possibilitam a aprendizagem e promovem a cultura.
A triste realidade é que essas práticas lúdicas educativas ainda são pouco usadas pelos professores e pelas propostas pedagógica das escolas. Por tanto, cabe aos docentes, a promoção e até mesmo a criação de novas ferramentas didático-metodológicas que possam facilitar, auxiliar e promover uma educação de qualidade aos alunos, principalmente da rede pública de ensino. Essa também deveria ser uma preocupação das instituições de ensino superior, nos seus cursos de licenciaturas, para que ocorra a formação de professores melhor preparados e mais criativos, para que possam colaborar e construir novas metodologias de ensino.
Prof. Rafaela Molina