Sem dúvida um dos personagens mais
marcantes da cidade Guaratinguetá, foi o tão mencionado, mas pouco conhecido,
Joaquim Vilela de Oliveira Marcondes. Ele foi político, religioso, marido e
pai.
Esse guaratinguetaense nasceu no dia
31 de janeiro de 1887 e faleceu aos 64 anos, no dia 10 de dezembro de 1954 às
14 horas na praça Santo Antônio. Sua morte teve como causa um edema agudo do
pulmão, seu túmulo se encontra no cemitério dos passos de Guaratinguetá.
Seus pais eram José Vilela de
Oliveira Marcondes e Maria Amélia Ortiz Velozo, conhecida como D. Mariquinha.
Do lado paterno seus avôs eram o capitão Manoel Marcondes dos Santos e Maria do
Carmo Velozo, e seus bisavós eram o Visconde Francisco de Assis e Oliveira
Borges e Ana Silveira Umbelina do Espírito Santo, ou seja, Joaquim Vilela era
parente da famosa Maria Augusta. Do lado materno seu tio era Antônio Lourenço
de Mello, seu avô era Manoel Lourenço e seu bisavô era o Capitão – mor Manoel
José de Mello.
“Joaquim Vilela se casou
duas vezes, em primeiras núpcias com D. Maria Geralda Rangel Marcondes, uma
parenta afastada, com quem teve uma filha chamada Beralda, que faleceu na
infância, D. Maria Geralda faleceu aos 44 anos.
Em segundo matrimônio
deixou viúva a senhora Maria José Rodrigues Marcondes, com quem teve dois
filhos, Maria Regina e José Vilela de Oliveira Marcondes”.(MOURA, ENTREVISTA
CEDIDA).
Antes de ser político, Joaquim Vilela
teve outras profissões, foi comerciante, sócio de varias firmas comerciais de
Guaratinguetá, trabalhou também com lavoura e pecuária, sendo proprietário de
importantes fazendas. Mas Joaquim Vilela se destacou mesmo foi na política, foi
vereador municipal, foi presidente da câmara municipal em 1930, quando
sobreveio o golpe de outubro, pondo fim ao poder legislativo, fez parte da
Diretoria do Partido Republicano Paulista e por fim foi prefeito da cidade de
23/03/1938 a 15/03/1954.
“Apesar de ter sido um
homem de partido, nunca permitiu que a paixão política lhe inflamasse o
espírito de autoridade, tirando-lhe o senso de justiça.
Ele também muito fez à
igreja, como prefeito sempre em todas as ocasiões prestigiou a ação da igreja,
jamais deixando de colaborar nas suas obras e atividades.
Sua morte repentina
deixou um vácuo na história política de Guaratinguetá”.
(ARQUIVO DA ESCOLA
JOAQUIM VILELA)
Curiosidades
-“Joaquim Vilela foi o
14º proprietário da fazenda Engenho D’ água de Guaratinguetá.
Em 28 de julho de 1928,
ele adquiriu a fazenda pelo valor de 77 contos de réis. Mas a fazenda estava
toda dividida, então Joaquim Vilela comprou todas as partes, formando novamente
a grande propriedade, com isso ele despendeu a soma considerável de 239 contos
de réis.
Ele fez grandes
melhoramentos na fazenda, construíram barragens, silos, mangueiros, pontes,
erradicou a plantação de chá e mudou a produção econômica, passando do cultivo
do café para a pecuária leiteira e também reformou a sede da fazenda”.
Acredito que ele tenha mudado a
exploração do café para pecuária leiteira, por causa da crise econômica de
1929, que afetou a exportação do café, causando a superprodução e a
desvalorização do produto.
“A fazenda Engenho D’
água foi o centro de decisões políticas, de reuniões e banquetes oferecidos a
personalidades que aqui vinham.
Com sua morte a terra foi
dividida para a viúva Maria José Rodrigues Marcondes e para seu filho José
Vilela de Oliveira Marcondes”.
(COUPÉ, A FAZENDA ENGENHO
D’AGUA DE GUARATINGUETÁ)
Sua obra principal foi o matadouro no
Bairro do pedregulho e a reforma do Mercado Municipal.
Joaquim Vilela teve também duas casas
na cidade. Na primeira ele viveu com a primeira esposa Maria Beralda Rangel
Marcondes, onde hoje se localiza a loja Riachuelo. Com sua segunda esposa Maria
José Rodrigues Marcondes ele viveu onde hoje é o memorial de Frei Galvão.
O que contam sobre ele
Entrevistas
“O apelido do Joaquim Vilela era
‘Quim’.
Aliás, Quim Vilela, não
era Vilela. Sua avó Maria do Carmo de Oliveira, filha mais velha do Visconde,
casou-se primeiro com o capitão Manoel Marcondes dos Santos. Ela enviuvou muito
cedo, aos 32 anos e o casal teve quatro filhos: Antônio, José, Francisco e
Joaquim, todos os meninos assinavam Oliveira Marcondes.
Maria do Carmo casou pela
segunda vez, aos 35 anos, com Alexandre da Silva Vilela, natural de Portugal.
Os filhos de Maria do
Carmo, não sei por qual motivo, incorporaram ao sobrenome Oliveira Marcondes o
sobrenome Vilela, talvez porque Alexandre acabou de criá-los. Afinal os filhos
ainda eram crianças.
Sendo assim o sobrenome
Vilela é do padrasto do pai do Quim”.
(Carlos Eugênio Marcondes de Moura)
“Fisicamente Joaquim
Vilela era baixo, moreno claro e tinha a voz rouca. Considerado pelos inimigos
políticos, inteligente e perigoso. Joaquim Vilela era um protótipo do coronel
da 1º república, ele tinha como mentor conselheiro Rodrigues Alves.
A única ligação dele com
a educação, é que tinha em suas mãos o professorado e as escolas. Já que
naquela época não havia concurso, ele como político que escolhia onde o
professor iria dar aula.
Ele sempre foi muito conhecido
e considerado um grande líder político. Amava sua filha e fazia todas suas
vontades, mas ela faleceu de hepatite, por erro de tratamento de sua mãe.
Em sua fazenda Engenho D’
água, ele fazia seu aniversario e de sua filha e essas eram festas de dia
inteiro. Os convidados eram seus correligionários, que iam pedir “benção”
política e claro com presentes para pedir nomeação de seus familiares.
Joaquim Vilela tinha um
carro Ford para cidade e um belo cavalo negro para a fazenda e ele nunca se
desgrudava de seu chicote.
Contam os camaradas da
fazenda Engenho D’ água, que certas noites Joaquim Vilela aparecia montado a
cavalo, com um chicote na mão, dando ordens e ameaçando.
Coincidência ou não ele
ser parente da Maria Augusta?
Durante o século XX a
cidade de Guaratinguetá passou por muitas mudanças, com os novos focos
econômicos e o momento comercial; na política com a revolução de 1932 e também
com a chegada da industrialização, da Aeronáutica, Campus da UNESP, e de outras
escolas, com todo esse contexto Joaquim Vilela começou a perder poder político.
Ele faleceu em 1954, e no
ano seguinte foi inaugurada uma escola no bairro da Nova Guará como o nome
Joaquim Vilela, em homenagem à sua memória. Se tornando então patrono de uma
instituição educacional”.
(Thereza
Regina de Camargo Maia)
RAFAELA MOLINA
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